segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Prévia de 11:59


Todos os manequins, esta noite de madrugada vão ganhar vida no seu mundo. As lojas vão ser abertas e eles podem passear a vontade. Foi armada toda uma estrutura para eles, afinal eles merecem, pois passam o tempo todo ali em pé, sendo observados parecendo bichos empalhados, o “point” vai ser a praça de alimentação e uma boate improvisada em uma sala que estava abandonada. A casa que vende piscina será o playground, lembre-se que neste mundo dos manequins tem muitas crianças, foi feito uma oficina para os acidentes dos manequins. Os manequins que trabalham nas casas de vendas de motos, eles são os responsáveis, as livrarias estarão abertas e as tabacarias só com ordem do senhor Kim, na reunião foi alegado que por motivo de sentirmos cheiro, o cigarro é desnecessário e vai impregnar o ambiente, causou uma guerra na reunião, depois de muita conversa foi liberado, não temos mesmo pulmão, desculpa aí, humanos. O Sr. Kim foi o primeiro manequim, que chegou ao shopping, na época da construção um arquiteto trouxe-o para dar demonstração sobre segurança do trabalho, foi ficando pelo shopping o apelidaram de Kim, pois o nome Mané é feminino e simplificaram para Kim, depois da inauguração ele ficou vários meses esquecido no depósito, e foi sacudido em um tambor para ser incinerado. Um funcionário querendo fazer uma brincadeira com um companheiro, que chegara cheio de cachaça, colocou uma peruca e um vestido improvisado e colocou na cama junto com o peão, que era de um interior de Pernambuco Araripina, e chamou todo mundo pra olhar. Foi a maior zona, o peão dormiu agarrado e tudo, o Sr. Kim, não quer saber desta história, no dia seguinte o arquiteto viu Kim, jogado num canto e pediu que levassem ele para dar uma recuperada, pois ele era um símbolo de uma obra, com pouquíssimos acidentes de trabalho. Houve uma vez no carnaval que a piaozada fez serão e fizemos uma roupa de saco de cimento, pintamos de preto, colocamos uma madeira como um estandarte, ficou parecendo o homem da meia-noite, e ficamos rodando-o, com a cachaça rodando de boca em boca. Um peão fez uma batida de fruta com aguardente e açúcar e frutas da época, que até hoje tem gente com o estômago virado, o filho da puta do peão, foi a Ceasa, e pegou frutas do lixo, comprou uma cachaça ruim, que até hoje ninguém sabe se não foi álcool de carro, foi muito peão bêbado, até o Sr. Kim, tomou um gole, viemos saber da história depois, houve até briga com o peão e um encarregado, separamos se não ia dá ate morte.Ainda lembro do peão se defendendo.- As frutas tava no lixo, más estavam boa e o dinheiro que vocês me deram era pouco e eu tive que me virar, ninguém morreu e todo mundo ficou feliz.- Filho da puta, gritava o encarregado, ainda fica dando uma de bonzinho, querendo justificar a merda que fez, podia tá todo mundo contaminado com a doença do rato, fiquei com uma disenteria dos diabos, cheguei a cagar sangue, fui bater no hospital da restauração, tomei lavagem, não suporto até hoje chá de boldo, minha mulher ainda fica gosando, toda vez que vai a Ceasa pergunta se eu vou querer frutas.Outro dia este mesmo peão, chegou com uma garrafa de água mineral com suco dentro oferecendo, oia a batida, todo mundo caiu na gargalhada, até o encarregado que já tinha feito as pazes com ele, este peão morava lá na Brasília Teimosa, depois que foi demitido da obra, soubemos que foi pego roubando celular, e deram-lhe um tiro, que quase morre, hoje ele vende batida no galo da madrugada, encontrei-o no meio do fuzuê da avenida Guararapes, ganhando dinheiro que só, o processo continua o mesmo, Ceasa, álcool do posto, água, açúcar e garrafa de água mineral “panhadas”no lixo antes da festa de momo, é um real.