sábado, 20 de junho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Homenagem ao MATUTO (O cavalo)


No interior de Pernambuco onde nascí
O ano eu não me lembro
Carreguei muito tijolo, brita e munturo
O meu dono me batizou de MATUTO

Um dia chegou um cara e conversou
Meu dono que tava liso que só
Nem um grão de milho podia comprar
Fui vendido pro falador e minha sina começou

Andei de carro pela primeira vez
E quando avistei as pontes do Recife
Até rinchei e quando vi o mar
Me embebedei, más /á carroça carreguei

Foi tanta coisa nova que fiquei até cabreiro
O no meu ouvido um caba ficou falando
Parecia um curandeiro, fiquei atento
E numa noite as pontes fui rompendo

Eu um cavalo do interior, agora com fotos nos jornais
Vídeos na internet e tudo mais
Agora sou bem tratado, nunca tinha comido ração
Hoje sinto o cheiro de longe é uma bênção

Remédio pra vermes, Glicopan e potenay
Ferraduras nas minhas patas
Corte nas minhas crinas
E as éguas firam umas felinas

Hoje sou vaidoso tenho até orkut
Com fotos íntimas por sinal
Sorrindo depois de fazer amor
Nem lembro do meu interior, que horor

Hoje quando me hospedo nos interior
Todo mundo corre pra ver
Vije como ele é bonito e gordo
E o meu dono fica todo vaidoso

O meu dono que desculpe a expressão
Más quando à carroça chega
Causa uma boa impressão
Más o cavalo cansado abre o coração

As mulheres vão logo dizendo
Meu Deus o coitado do cavalo
Como aguenta meu senhor
E meu dono muito sabido atalha o temor

Ele já comeu ração logo pela manhã
E eu só tomei um café preto
Más o senhor no judeia dele não
Primeiro cuido dele meu motor judeio não

E meu dono falador arruma logo acomodação
Tira os arreiros água de montão
Aproveito me espojo minha esfoliação
E um lugar com pasto entro em ação

E as estradas do nordeste vou trilhando
As ferraduras vão deixando marcas pela pista
E os sítios povoados cidades vão ficando
Na memória a saudade aumentando

Nessa vida de cavalo aventureiro
Minha história vou fazendo
Já levei até carreira de cavalos
Contando o que viví, pensavam que era lorota

Agora me despeço desse cordel
Peço a todo que me entenda
Eu me autoelogiar
Sou Pernambucano tenho que me mostrar.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

PADRE E CÍCERO E LAMPIÃO ( Ícone de Geração )

No nordeste do meu Brasil
Um santo surgiu no Ceará
Nasceu para liderar e servir
A Deus e a Jesus a quem lhe convir

Em Angico nascia um filho de lavrador
Criança brincava com os visinhos
Cresceu viajando pelos sertões
Um bando se formou trazendo alucinações

Um padre foi forjado com fome e miséria
E um caso aconteceu de uma devota
A hóstia vira sangue numa terra remota
E faz da vida do padre uma reviravolta

Uma briga de visinhos
Correram pra lhe matar
O pai não esperava o tiro lhe acertar
O ódio pelo visinho começou a alentar
Para Roma foi chamado e o fato foi contar
Queria o vaticano o boato não espalhar
Mas o povo que viu logo se manifestou
E o padre Ciço Romão o povo todo clamou

Com a morte do pai na lembrança
E o ódio no coração foi pro bando
Senhor Pereira era o seu capitão
E Virgulino Ferreira vai virar Lampião

A igreja o excomungou
Seu coração de padre se fechou
Mas tinha uma sina nesta vida
Era auxiliar o pobre o sofredor

A cada emboscada ficava mais evidente
Um grande líder Lampião viria a ser
Destaque nos ataques e tática de fugir
Do cerco da polícia num grito escapulir

O povo do Juazeiro faz-lhe de prefeito
E o líder espiritual volta com força
A liderança e as idéias do homem
Fizeram uma cidade surgir

A separação do bando de sinhôr
Fez brotar um grande clarão
Outro bando foi formado
O chefe Virgulino Ferreira foi aclamado

Sua batina jamais foi esquecida
omeiro de toda parte surgiam
No Juazeiro encontrava um santo
Rezavam e se ajoelhavam e agradecia

O bando de Lampião ao longe se ouvia
De jagunços malvados todos tremiam
Sabonete, Risadinha, corisco e colchete
O povo já se via tiros sangue nos dentes

Sua morte foi anunciada
O povo não entendeu o recado
E via no homem sem pecado
Sem futuro uma nação, sem destino traçado

Foi se criando um ódio entre a população
O governo foi cobrado, prefeito indagado
Não pode um bando fazer tal judiação
Providências vamos tomar, coiteiros em ação

Foi formado um santuário de oração
Os peregrinos de todos os rincões
Ao Juazeiro rumaram com devoção
Contos, ladainhas, promessas e canção

Pra Mossoró se danô todos os cangaceiros
Dinheiro foi pedido com prazo de cobrador
Mas o prefeito homem honesto e lutador
Clamou os homens da cidade e quem não fosse traidor
Espremidos em paus de arara caros e a pé

Iam surgindo de todas as bandas
Homens e mulheres atrás de ganhar
A graça alcançada e a promessa pagar

Às quatro horas da tarde o ataque começou
Nos quatros cantos da cidade a bala ecoou
Os homens da cidade armaram a emboscada
Um tiro certeiro acertou colete e ficou lá

Hoje no Juazeiro a cada ano aumenta
Romeiros, estudiosos e pesquisador
Todos vão conferir o que faz a fé do povo
E fica abismado, um padre ser tão louvado

Jararaca o temido que fez toda a confusão
O pivô de toda aquela perdição
Levou um tiro nas costas e o inferno clareou
O bando saiu correndo e cidade festejou

Um povo sofrido a seca e o desemprego
Maus políticos ladrão, tudo junto agora
E danada da inflação, só resta a nós
A fé no Deus e no padre Ciço Romão

A chuva de bala de Mossoró
Ate hoje nos quatro cantos ecoa
A igreja tem onze tiros de recordação
Mas a bravura dos homens é de admiração

Na matriz o povo todo reza com o terço na mão
Os pedintes nas portas pedem esmolas
O cego entoa há anos a mesma canção
E Dona Zú sobrevive vendendo arroz e feijão

Lampião com o seu bando saíram em disparada
Hoje em Mossoró todo mês de junho
O povo aclama a si mesmo pela façanha
Orgulho, coragem movido ao amor a sua campanha

No alto vê-se a estátua branquinha
Na sexta da paixão o povo sobe contrito
A via cruzes do cristãoAo subir as escadas que levam a sua salvação

E hoje depois de oitenta e três anos
Em Mossoró de comemora com grande espetáculo
Forró, quadrilhas, canjicas e quentão
O São João comemora a derrota de Lampião

Um padre um político um cristão
Homem honrado, sem mácula verdadeira em oração
Ganhava com a direita e doava com a esquerda
Assim nascia um ícone do nordeste honrando a nação

Este pequeno trecho na vida desses dois
Padre Cícero e LampiãoHeróis dos nordestinos, bandido eu não sei não
Quem julga são vocês, a história que contei.

Ed` Bernardo