segunda-feira, 20 de abril de 2009

Cordel - Meu Avô

Meu avô se foi no dia seis de setembro
Todo dia sete eu me lembro do enterrro
Quando chega a passeata a saudade desata
E lembro ele em vida arrastando as alpercatas

Crescí como todo planta cuidada
Brinquei, estudei casei, dancei, chorei e cantei
Até ficar com dó de mim
E no mundo coloquei duas jóias sem fim

E na ânsia de viver, inventei um mundo só meu
De sonhos concretos com erros e acertos
Sonhei com lugares que imaginei em livros
E imaginei luares, pomares, amores e amigos

Fui bancário, caixa, viajante árbitro de futebol
ex-ofício que ganhava tostão até gerente de salão
Com o apito danava amarelo e vermelho de montão
E o grito ecoava no estádio filho da puta ladrão.

Dei um basta na situação, não quero mais apitar
Enjoei de ouvir xingar minha mãe minha mulher e meu irmão
Restou-me um emprego no cassino do patrão
E cantarolei uma música eu despedir o meu patrão

Eu despedir o meu patrão desde o meu primeiro emprego
Ele roubava o que eu mais valia
E eu não gosto de ladrão
E entoei Zeca Baleiro até chegar no meu portão

E outra história agora eu ia viver
Pintei noites à dentro, comi livros
Músicas cantei no meu mundo imaginário
Minha arte explodiu e fiz um ideário

Desenhei carroça rabisquei o cavalo
Corrí atrás de patrocinador aloprado
Vendi um monte de quadros adoidado
Uma luta de gigantes vinha pro meu lado

Ed' Bernardo

Cordel - Minha Infância

Desde minha infância
Meu avô ja me contava
De um homem temido e valente
Que andava com um bando lutando pra ser gente

Eu pequeno escutava e não ficava com medo
Meu protetor estava perto eu era o neto predileto
E as histórias de faca, sangue e ação
E lá se ia formando outro contador do sertão

No tempo que todo mundo jantava à mesa
Ouvindo as histórias com carinho
Hoje cada canto da casa tem uma tv
E os parentes fica carente de se ver

E os causo de cidades saqueadas
Mulheres estupradas, senhoras desonradas
Depois , cachaça com rabada
E os versos de mulher rendeira e mais uma lapada.

Ed` Bernardo