domingo, 8 de novembro de 2009

Agradecimento

O projeto Carrocarte, está sendo finalizado depois de três anos e nove meses, depois de percorrer os nove estados do nordeste, Pernambuco/Paraíba/Rio Grande do Norte/Ceará/Piauí/Maranhão/Bahia e Sergipe. Com um arquivo de 25 mil fotografia e 17 horas de filmagens, três livros sendo escritos. O projeto agora segue pra Caruaru onde será feito um piloto da Fundação de Cultura.
Agradeço à todas as pessoas que ajudaram a minha passagem pelas suas vidas e mostraram um carinho com o projeto e me ajudando a seguir em frente.
Que Deus abençõe à todos .
Ed Bernardo

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Chegada ao Recife - Parte 1 do Carroçarte encerrada

Entrevista ao Diário de Pernambuco

Circuito artístico a bordo de uma carroça

Artista plástico e escritor pernambucano Ed Bernardo passou os útlimos três anos na estrada e percorreu todo o NordesteJúlio Cavani
juliocavani.pe@dabr.com.br


Por amor à arte, o artista plástico e escritor pernambucano Ed Bernardo passou os últimos três anos na estrada e atravessou os nove estados do Nordeste a bordo de uma carroça puxada por um cavalo.

Temporada on the road rendeu três livros e muitos quadros. Foto: : Cecilia de Sa Pereira/Aqui PE/D.A Press
Ele começou a jornada no Recife no dia 21 de janeiro de 2006 e percorreu mais de 6 mil quilômetros entre a Bahia e o Maranhão. Para pagar a maior parte das despesas, vendia suas pinturas pelo caminho. "Eu ria toda vez que passava por uma placa com a palavra retorno", conta o viajante.

Ed Bernardo está no Recife e pretende encerrar o projeto daqui a duas semanas em Caruaru, no Alto do Moura, onde quer abrir uma fundação para contar sua história e oferecer cursos artísticos. Durante todo o trajeto, sua carroça foi conduzida pelo mesmo cavalo, chamado Matuto, que vai se aposentar em seguida.

Além dos quadros, a carroça é um objeto de arte em si. O veículo carrega registros da experiência vivida por Bernardo, que pintou nas laterais as bandeiras de todos os estados e pequenas figuras que simbolizam cada cidade visitada, além de frases com pensamentos filosóficos e piadas.

Com o projeto, Ed Bernardo se tornou uma testemunha direta da situação social do Nordeste no século 21. "Ainda há alguns poucos lugares sem eletricidade, mas a internet já chegou na maioria. O Brasil é pobre, só que não vi ninguém passar fome. Hoje em dia, você só encontra miseráveis nas capitais. Só existe miséria por causa das drogas", garante o artista, que só viu uma pessoa morta na estrada e não foi assaltado em nenhum momento, apesar de às vezes furtarem objetos de sua carroça.

Para comer, Ed cozinhava em um pequeno fogão dentro da carroça, onde também dormiu todas as noites. "As pessoas me ofereciam hospedagem, mas eu não precisava. Eu acho que isso desvincularia os objetivos do projeto", defende. "O mundo é um grande banheiro", responde ao ser questionado sobre onde fazia suas necessidades fisiológicas. Além da venda dos quadros, ele se sustentava por meio de apoios de empresas e instituições.

A viagem foi interrompida em alguns momentos, principalmente quando Ed conseguia vender muitos quadros em uma mesma cidade. Ele passou 40 dias em Nova Jerusalém (em referência à temporada de Jesus no deserto), um mês em Arcoverde e mais de dois meses em Fortaleza (CE), além de um semestre inteiro na Praia de Pipa (RN), onde sua filha tinha um restaurante. Nessas pausas, dormia sempre na carroça e levava Matuto para descansar em algum haras quando resolvia visitar o Recife durante alguns dias para depois voltar e continuar na estrada.

Ed Bernardo escreveu três livros durante o período. Um deles é o diário da viagem, intitulado Ideários de uma carroça. Os outros dois são romances de ficção adultos: Ideário de uma calcinha de chita conta a saga de uma mulher que sofreu na vida ("foi estuprada e trabalhou como prostituta"), mas ficou rica ao se casar com um político em Brasília. Onze e cinquenta e nove (11:59) se passa em um shopping center onde os manequins ganham vida sempre à meia-noite.

Herman Hesse, Pedro Juan Gutiérrez eJorge Amado estão entre suas influências como escritor, mas ele diz que tem um estilo próprio, que combina elementos ficcionais e reais (alguns inspirados em coisas vistas ao longo da viagem). Os livros inteiros foram escritos em uma máquina de escrever, pois Ed preferiu não transportar um computador na carroça para evitar riscos de assalto. Ele também tirou mais de 25 mil fotos e escreveu poemas que podem ser vistos no blog www.carrocarte.blogspot.com.